Há uma semana, dei aqui a 'notícia' do encerramento da única escola que existia em Beijós. Fazendo fé no jornal, a dita escola atraía das terras vizinhas mancebos interessados em aprender gramática, lógica e filosofia! Como também dei conta no Beijós XXI, pouco tempo depois abriu em Beijós uma escola oficial, tendo sido recrutado um cabanenese semi-analfabeto para tentar ensinar aquilo que não sabia. Quando digo semi-analfabeto, não estou a falar em sentido figurado - eu vi as provas escritas que ele prestou, notando-se perfeitamente o esforço com que desenhava as letras e algarismos!
O Portugal saído das lutas liberais não suportava uma escola dominada por padres conservadores e o que aconteceu em Beijós foi consonante com a política nacional - afastar os padres do ensino e procurar que cidadãos liberais cumprissem a função. O irónico da situação é que, como demonstra a avaliação que publiquei neste post, o professor que vinha de Cabanas apenas obteve avaliação positiva a Doutrina Christã!
Cento e setenta anos depois, é possível estabelecer um paralelo nesta história do fecha escola, abre escola. Desta vez, o argumento que foi apresentado para fechar as escolas das aldeias, quando o Governo de Sócrates se preocupava com o défice, foi o elevado custo por aluno que elas implicavam. Chegou a crise e com ela o salvífico investimento público "de proximidade" - construir centros educativos é um desígnio nacional para estimular o emprego! Mas a situação volta a ser irónica, fecha-se escolas para diminuir custos e acaba-se não só por aumentar os custos, mas também por comprometer as necessidades de investimento autárquico noutras áreas. Esta política nacional empurra as autarquias para o défice. No caso do nosso Município, só o Centro Educativo Nun'Álvares vai custar-nos mais de um milhão de euros e, para já, é responsável por 1/6 da dívida de médio e longo prazo. A ironia não fica por aqui - quando o Centro Educativo estiver pronto, faltarão ainda 14 anos para pagar o empréstimo contraído para... beneficiar as escolas primárias que vão encerrar!
Para terminar o post com uma mensagem de esperança, desejo que, pelo menos, os alunos destes caros centros educativos aprendam as bases de cálculo e a importância dos números - quem sabe se não virá o dia em que seja preciso saber fazer contas para exercer o poder político :)
Mais investimento do que aproveitamento
ResponderEliminarAproveitam mais os empreiteiros do que os alunos
Do mal, o menos, esta empreitada foi a concurso público. Ao contrário das benesses para J. P. Sá Couto, Micro$oft, etc. - os grandes beneficiários do "investimento" na educação.
ResponderEliminarTanto trabalho para reduzir a massa salarial dos professores e depois esbanja-se tudo isso e muito mais em show off. Agora, ensinar os alunos a ler, escrever e contar é que não - não é moderno.
«Há é uma outra explicação, que nunca é referida: nenhum desses países que conseguiram uma alfabetização de massas durante o século XIX o fez contra a Igreja; foi sempre em articulação com ela. Ora em Portugal, primeiro com os liberais, a partir de 1820, e depois com os republicanos, o Estado não só tentou alfabetizar a população contra a Igreja, como entendia que a alfabetização era um veículo para substituir a educação religiosa por uma educação cívica formatada em Lisboa. As ordens religiosas, que em muitos países foram fundamentais para criar uma rede de escolas, em Portugal não podiam sequer ensinar a ler durante a Monarquia constitucional. Ou seja, tínhamos na Igreja uma instituição que podia ter sido fundamental para a alfabetização da população e preferimos chamar tudo para a alçada do Estado, que não tinha recursos e, portanto, falhou.
ResponderEliminarFoi por um excesso de Iluminismo que se produziu o obscurantismo.»
Lido aqui:
http://ipsilon.publico.pt/livros/texto.aspx?id=249107
«A “avaliação de professores” exige que um professor não seja professor ainda que continue a chamar-lhe professor e sustenta que, ao transfromá-lo num não-professor, está na verdade a torná-lo “mais” professor. Perfeito.»
ResponderEliminarQual é o futuro da Escola de Beijós?
ResponderEliminarFechar.
ResponderEliminarSegundo a lista publicada no Jornal do Centro de 19 de Agosto, não fecham escolas no município de Carregal do Sal
ResponderEliminarA escola de Beijós esteve "fechada" mais de um mês na lista da DREC, voltando a "reabrir" nesta ultima lista após tomada de posição da Junta de Freguesia e Câmara Municipal (esta ultima alterando a sua posição inicial que não era contra o fecho), é certo que para o ano não "escapa" ao fecho, será altura para mostrar entre todos (população, pais e autarcas) qual o futuro que se deseja para as escolas da Freguesia.
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