Portugal melhorou muito os indicadores de saúde após o 25 de Abril. Apesar de os níveis de qualidade de serviço, sobretudo na acessibilidade e no relacionamento, não serem famosos, os principais hospitais têm recursos humanos especializados e tecnologias adequadas para alcançar bons resultados nos tratamentos. Infelizmente, a essa evolução ao nível hospitalar correspondeu uma desvalorização do papel do clínico geral, comprometendo terrivelmente a eficácia da tal primordial rede de cuidados primários. Em cada 6 médicos, apenas 1 é clínico geral. Acresce que a notória escassez destes profissionais não é compensada, como se faz nalguns países, por enfermeiros com formação especializada para a realização de alguns actos que sobrecarregam a ocupação dos médicos. Nem poderia sê-lo, já que também a disponibilidade de enfermeiros é escassa, quando comparada com os nossos parceiros europeus.
Tal como os resultados escolares não se alcançam com as pomposas inaugurações de centros educativos nem pela distribuição de brinquedos electrónicos, o direito à saúde não se garante com pomposos anúncios de futuros centros hospitalares (cada vez mais financiados por privados), nem, muito menos, com encenações sobre ataques a um mítico Sistema Nacional de Saúde sacralizado na Constituição. Seria muito bom que quem se arroga o dever de defender a intocável Constituição a lesse:
Artigo 64.º
(...)3. Para assegurar o direito à protecção da saúde, incumbe prioritariamente ao Estado:
(...)
b) Garantir uma racional e eficiente cobertura de todo o país em recursos humanos e unidades de saúde;
(...)
À luz da CRP, é inadmissível que a Extensão de Saúde de Cabanas de Viriato não possa cumprir a sua função por falta de recursos humanos, designadamente médicos. É também intolerável que, seguindo as pisadas do Ministério da Educação, o Ministério da Saúde queira transferir para as autarquias o ónus da sua incapacidade de prestar o serviço que é a sua principal obrigação.
O estado do estado social
ResponderEliminarO Estado a demitir-se do seu papel social.
ResponderEliminarÈ para isso que temos um director da ACES (tachão para os boys fieis) que é residente no concelho e apregoa aquilo que conhecemos, para depois acabar com a Saúde toda no concelho, com amigos destes!!!
ResponderEliminarSr. Diretor faça-nos um favor, vá ..............
Podemos fazer um exercício - completar a frase do comentário anónimo das 10:35.
ResponderEliminarEu proponho:
«... exercer a sua profissão de clínico geral».
... a Espanha, ao Brasil e a Cuba recrutar Médicos.
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