Dois dos mitos agrícolas
Sevinate Pinto, agrónomo e Ministro de Agricultura de 2002-4 escreveu no Público sobre a qualidade dos solos:"Para além da agricultura utilizar apenas pouco mais de um terço da nossa superfície territorial (o resto são florestas, matos e áreas sociais), a maioria desses solos são delgados, têm uma composição física e química muito pouco propícia à agricultura e são muito susceptíveis à erosão (o maior risco de erosão da Europa), ao encharcamento (má drenagem) e à secura (fraca capacidade de retenção para a água).
Considerando o que dizem os nossos especialistas nesta matéria, que não são muitos, tendo em conta a capacidade dos solos fornecerem nutrientes às plantas (troca catiónica), menos de 5% da nossa superfície agrícola apresenta valores aceitáveis; mais de 70% apresentam valores baixos, e muito baixos, de matéria orgânica (indispensável para a reserva de nutrientes e para a capacidade de retenção da água) e cerca de 83% tem um PH inferior a 5, 5 (acidez), o que inibe o bom desenvolvimento de uma grande quantidade de plantas.
Em resumo, não há nenhum especialista que arrisque dizer, que mais de um terço dos solos considerados agrícolas (que já são bastante menos de metade da superfície total do Continente), dispõem, à partida, de condições favoráveis à agricultura. As (boas) excepções encontram-se no Minho, onde a sistemática intervenção humana tem assegurado elevados níveis de matéria orgânica, numa parte do Ribatejo e Oeste, nos vales dos grandes rios, com solos aluvionares, e numa extensa mancha de solos argilosos do Baixo Alentejo.
Quanto ao clima, no que mais interessa à agricultura – a precipitação, a temperatura e a radiação solar – também não somos muito felizes numa parte considerável do território. Desde logo, as influências atlântica, mediterrânica e continental, cruzadas com a orografia, provocam grandes variações climáticas (a precipitação varia de 400 mm no Interior Sul a 2800 mm no Noroeste; a temperatura média anual varia de Norte para Sul, de mínimos de 7,5 oC a máximos de 17,5 oC e a radiação varia de 140 a 170 Kcal/cm2, desde o Minho ao Interior do Algarve).
A distribuição da precipitação é muito adversa, na medida em que ocorre de forma excessivamente concentrada no Inverno, na época mais fria, sendo o regime hídrico mais deficiente exactamente nas zonas de maior potencial energético, com maior radiação solar e temperatura.
Como dizia o Prof. Orlando Ribeiro, um dos mais notáveis geógrafos portugueses[1]:
“Em Portugal, onde há terra não há clima e onde há clima não há terra”.
Ler mais em http://www.publico.pt/economia/noticia/dois-dos-mitos-agricolas-1638210
Para que Portugal deixe de ser um dos maiores importadores de alimentos per capita da Europa, seria essencial olhar mas todos factores relevantes:
- Qualidade dos solos
- Clima e a irrigação
- Estutura fundiária, mini-fundio e latifundio (e
- Capacidade comercial e as cooperativas de venda
- Qualidade dos recursos humanos na agricultura e a formação
Ver Balança Alimentar Portuguesa - Instituto Nacional de ...
www.ine.pt/ngt_server/attachfileu.jsp?look_parentBoui...att...
A Luso Finsa, empresa de transformação de madeira, fará um investimento de 37,7 milhões de euros em Nelas, que vai dar origem a 35 novos postos de trabalho.
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