Faz hoje 100 anos que alguns beijosenses (e forasteiros?) vieram ao Terreiro para festejar o "advento republicano". A festa custou quase 20 mil reis e a subscrição pública para a financiar não conseguiu juntar nem 6 mil. Desconhece-se quem suportou o défice...
A centenária fotografia que o Batista publicou mostra meia dúzia de bandeiras republicanas, bastante parecidas com a actual bandeira nacional. Tudo leva a crer que existia em Beijós um grupo de republicanos, entusiastas do regime acabado de instaurar. No entanto, quando olhamos para os nomes que ocuparam o poder local nos anos seguintes, encontramos pessoas e famílias que o tinham ocupado nas décadas anteriores... nada de surpresas :)
Para que alguns leitores não me olhem como um suspeito reaccionário, recorro às palavras do historiador Fernando Rosas, até há pouco deputado do BE, neste livro: «O Partido Democrático, principal herdeiro da máquina eleitoral e das redes caciquistas dos partidos monárquicos, passou a manipular em exclusivo as eleições. (...) O monopólio político, a 'ditadura do Partido Democrático', era inexpugnável por via eleitoral: só cedia espaço quando este era arrebatado violentamente, através de golpes militares ou, mais frequentemente, para conjurar em proveito a ameaça de um levantamento. Também usou a força para recuperar o poder quando, pelas armas, dele se havia visto apeado» (p. 59, sublinhado meu).
Um dos principais erros do Partido Democrático foi a excessiva vingança contra a "padralhada", que arrastou consigo a usurpação de bens associados à Igreja mas que eram geridos pelas juntas de paróquia. Citando, de novo, Rosas, «[o jacobinisno afonsista] brandiu imprudentemente a Lei da Separação (1911) sob a forma de perseguições político-religiosas, numa verdadeira acção de 'terra queimada' tendente a manter, por meios alheios à concorrência eleitoral, o monopólio do espaço de intervençao política e o controlo do poder» (p. 58, sublinhado meu).
No caso de Beijós, vários republicanos se envolveram na tentativa de recuperação da Casa da Residência que o Estado tirou "ao povo". Um deles, residente em Lisboa, tentou mesmo adquiri-la, a pedido dos conterrâneos que governavam a junta. Não teve sorte... menos ainda teve naquela fatídica noite de Outubro, depois de ter sido preso numa tentativa de levantamento, quando o "seu" Partido Democrático estava apeado do poder. Faz hoje 92 anos.
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Efemérides da I República
2010/10/16
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18 Comentários:
Na altura tal como hoje, apesar da gravíssima crise económica, os portugueses estão sempre dispostos a festas e jantaradas.
Este ano tem-se comemorado o centenário da República com festas por todo o país, muitas centenas de milhares de euros gastos, apesar da crise, apesar das medidas de austeridade, para as festarolas há-de haver sempre dinheiro.
Ver, nas comemorações do 1º Centenário da República apenas "festas" "jantaradas" e "festarolas" não é justo. É um pouco como criticar alguém que, não tendo muitos proventos, se dá ao luxo de festejar o seu aniversário, comprar uns livros de História ou mesmo tirar e pagar um curso de Historia para saber mais e melhor de onde vem, para onde vai, porque chegou aqui, ao fim e ao cabo conhecer o seu passado para melhor se preparar para o futuro que, hoje e sempre, tem os seus desafios.
Quem visitou algumas das excelentes exposições sobre o Iº Centenário da República, (muitas delas visitáveis por mais alguns meses ou semanas, bastando para isso ir munido de espirito crítico mas despido de preconceitos), verá que estas comemorações valeram a pena e foram não uma despesa extravagante e inútil mas sim um investimento na cultura, no reforço da cidadania e no conhecimento, por isso um bom senão mesmo um excelente investimento.
Não é nada disso. É alguém que corta na educação dos filhos, não os deixa ir ao ballet ou à piscina, corta na sua saúde, na sua alimentação, põe em risco os os seus pais e avós, para fazer festas, comemorar o facto de ser República, o que interessa isso para o reforço da cidadania.
Tirar o abono de família à classe média para gastar nas 100 eventos do centenário da república, isso é uma extravagância sim senhor.
Quem disser que os 100 mil euros gastos para fazer o site do centenário da república, não é deitar dinheiro fora, dinheiro que dava para muitos abonos de família, não é sério ou simplesmente vive fora do país real, esse o mal de quem nos governa.: http://www.centenariorepublica.pt/
Lamentavelmente gastaram-se milhões de euros no centenário da república, mais milhões na cimeira da nato, mais milhões em dúzias de festarolas por todo o país, em todas as câmaras, vejam-se os milhões gastos no miserável evento das "7 maravilhas".
Isto é um povo com fome a assistir a um banquete de alguns.
Ochalá a fome não lhes permita ter forças para tomar a mesa farta de uns quantos.
A cultura tem um preço e foi com pensamentos como este último que nós continua-mos na cauda da europa, mesmo atráz de países mais pobres do que nós, que investiram no seu desembolvimento cultural.
Em relação a pobreza há e sempre houve pobres e esses devem ser ajudados, mas a grande maioria dos que dizem ser pobres, são pobres mas é do juízo, como eu conheço alguns que deram o passo maior que a perna e mesmo com dificuldades não abdicam de certas mordomias.
Por isso é preciso destinguir entre o pobre e aquele que no meio do mês não tem dinheiro porque o gastou mal gasto e desse eu não tenho pena, é que em portugal a grande maioria, criaram maus hábitos, quem não pode andar de carro anda de bicicleta, hoje os cafés os restaurantes e os centros comerciais estão cheios com muitos dos chamados pobres.
Seja como for, é indesmentivel que quem não tem dinheiro não tem vícios.
O facto dos nossos altos cargos dirigentes ganharem ao nível europeu e em alguns casos auferirem mais do que os seus congeneres da Europa e dos USA e inadmissivel.
Mais, é imperdoavel que com tantas medidas de austeridade que afecta toda a classe média, desses que diz "terem os maus hábitos" de andarem de carro e nos centros-comerciais e calcule que alguns até tomam banho diariamente, como ia dizendo apesar das medidas que depauperizam a qualildade de vida de milhares de famílias, continua-se a assistir impunemente a esse desenvolvimento cultural de que fala que nos custaram e custam os olhos da cara: Expo98; cimeira ibero-americana; Euro2004; Cimeira da Nato; submarinos; CCB; Casa da Música; auto-estradas para os que como diz "não abdicam de certas mordomias" mas que estão às moscas e agora a alta velocidade.
Enfim nada de que se possa tirar um euro de rendimento no futuro. Esta situação não é nova, já ocorre neste país há mais de 500 anos, sempre que houve dinheiro para gastar aconteceu o mesmo.
- Com o ouro de africa, com as especiarias da India, com os escravos do Brasil, com os fundos de coesão da UE o que se fez:
* Conventos
* Caçadas
* mosteiros
* Catedrais e igrejas
* comprou-se colecções do meslhores coches da Europa
* auto-estradas
* Estádios de Futebol
* Museus
* reservas ecologicas
etc.
Investir no povo ou em algo que dê rendimento, que crie riqueza....
nã...
Isso é um desperdício, pois vão gastá-lo para os centros-comerciais e criam maus hábitos.
Valha nos Deus que bem podia.....
@Saneado
Não exageres, o design do site custou apenas 99.500,00€ por ajuste directo à Henrique Cayatte - Design, Lda.
No mesmo dia, foi contratado, também por ajuste directo, por apenas 90.000,00€, ao sr. Henrique Frederico Cantiga Cayatte, a "Prestação de serviços de design global do estacionário da Comissão Nacional e dos materiais de suporte à comunicação dos diferentes eixos programáticos".
Está bem, o site ainda custou mais um pouco, porque a Henrique Cayatte Lda. fez o design, provavelmente com base no design global para os diferentes eixos programáticos feito pelo sr. Henrique Cayatte, mas a Comissão teve de contratar a sr.ª Sofia Tavares Macedo (31.250€) para, entre outras coisas, "criação de conceito, especificação de navegação on line; debbuging e testes de usabilidade; definição, especificação e teste de novos sites e funcionalidades web; organização e gestão de conteúdos digitais".
O importante é que a Comissão quis fazer todos estes ajustes directos dentro da lei, pelo que contratou, por ajuste directo e por 30.000€, um escritório de advogados para "assessoria jurídica relativa à preparação e acompanhamento de procedimentos de contratação pública necessários à concretização do Programa das Comemorações do Centenário da República".
Não sei o que terá sido gasto noutras formas de contratação, mas os ajustes directos estão aqui:
http://transparencia-pt.org/?search_str=nif:901775797
Ver também:
http://diario2.com/99-500-euros-por-um-site-3656, onde se explica que praticamente não houve trabalho de criação do site, uma vez que este foi feito sobre um plataforma de programação e um modelo gratuitamente disponíveis.
Há sempre quem goste de mandar sozinho, de afastar os outros da decisão, porque são mulheres, porque são pobres, porque são analfabetos,etc.
http://www.base.gov.pt/_layouts/ccp/AjusteDirecto/Detail.aspx?idAjusteDirecto=75140
de facto a cultura tem um preço alto.
mas,
pagar para fazer, àquele preço, aquilo que o sr. e outros aqui têm feito, a meu ver melhor, a custo zero para o contribuinte é, por ventura, mais do que incúria e ignorância, roça o criminoso.
Defendê-lo é certamente ignóbil, lançar poeira nos olhos de nós pobre "incultos" dizendo que é por mossa culpa que o país está atrasado, se não fosse tão patético seria apropriado para o standup comedy, muito mais relevante culturalmente falando.
Não se afastam os outros por ser mulheres, pobres ou "incultos"....., muito menos por serem analfabetos.
só se afastam por não professarem o mesmo "sistema", ou não comerem caladinhos o que se lhes põe à frente.
Isto acontece sempre que há um tiraninho, quer seja à esquerda, à direita, ou como moda recente ao centro,
do tipo,
quem se mete connosco leva.
Já agora, voltando à vaca fria não posso deixar de dizer que, está na hora de deixarmos de pagar como os nossos impostos, aquilo que alguns apelidam de cultura, onde está o principio do utilizador pagador, se querem paguem-na essa vossa cultura, deixem que o povo escolha onde quer gastar o seu dinheiro, se querem ir aos cafés e centros-comerciais, que vão, é caso para perguntar, e depois?
Quem são estes gajos para nos imporem o que quer que seja.
São alguma elite, nascida em berço de ouro.
Querem a sua dita cultura paguem com o vosso dinheiro, não precisam de subsídios.
fónix.
Subsídios, são bem atribuídos se for para nós.
Festas na terra, muito bem, se for para a associação muito bem, já pensou de onde vem o subsídio que a Camara ou a Junta atribui a estes eventos, pois é, dinheiro dos contribuintes, que eu também contribuo de boa vontade, porque acho bem empregue o dinheiro gasto nas festas e noutros eventos culturais que mantêm a tradição da terra.
ah
a Câmara contribui para as festas de Beijós?
a Câmara contribui para a Associação?
a Câmara contribui para "outros eventos culturais que mantêm a tradição" em Beijós?
então está bem, assim já me calo.
Desculpe, não sabia.
mas, ainda assim, penso que 100 000 euros pelo site do centenário é um desperdício.
Sim, a câmara dá apoio monetário à associação, se o referido for requisitado, como é óbvio.
Então!
Dá apoio monetário ou não dá?
É claro que qualquer entidade pode dizer que dá...
só ainda não deu porque não foi solicitado.
Bolas.
É como os patrocinadores,
lá que patrocinam ,
patrocinam,
mas,
quando forem solicitados.
Ter politicas proactivas de dinamização e poio das colectividades e associativismo é outra coisa. Dá algum trabalho é certo.
Não há reponsável por essa área, ou se não houver ninguém a pedir para ajudar no desporto,m ninguém se lembra de dinamizar e apoiar.
Ou nas associações, como disse (ou deixou suentendido) o anónimo que a Associação de Beijós recabe subsídios.
Saneado, deixa de fumar que essas coisas estão a fazer-te mal.
Mas porquê, Anónimo das 17:10?
Anónimo das 17H10, lá porque haja alguém com ideias próprias, diferentes das suas, não quer dizer que seja um drogado.
Julgo que a tentativa que está a fazer para diminuir a minha intervenção neste blogue não tenha nada a ver com qualquer tipo de censura, pelo que tenho lido aqui, parece-me bastante plural.
No entanto garanto-lhe que não é meu hábito baixar de nível, qualquer tipo de discussão que tenha, esforço-me para respeitar as ideias diferentes das minhas.
Só assim posso, querer que respeitem as minhas, por isso agradeço a quem o faço. Aos outros, que é o seu caso, só desejo que prossigam a sua vida, se conseguir reflectir sobre a liberdade das outras pessoas, melhor, senão, lamento.
Saneado,
Recorde-se que alguns comentários nem merecem resposta.
Quem não tem melhores argumentos recorre frequentemente a golpes baixos ou a gritos altos.
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