Quantos são os “eleitores-fantasma”? Quais as consequências?
Carregal do Sal está, de novo, prestes a descer para o escalão de menos de 10 mil eleitores oficialmente inscritos nos cadernos eleitorais.
Os eleitores recenseados para estas eleições autárquicas somavam exactamente 10 026 (ver quadro anexo, extraído do D. R.).
Mas, se a população residente, dada pelo censo de 2011 do INE, é de apenas 9 835, que inclui cerca de 1 500 almas (minha estimativa) com idade inferior a 18 anos, como é possível que aquele número de eleitores seja um número correcto?
Ou seja, se aos 9 835 residentes, dado pelo último censo, retirarmos esses 1 500 jovens dá uma população residente com capacidade de voto de cerca de 8 335.
Mas o número de recenseados era (e é) de 10 026 o que dá um excesso, face aos residentes com possibilidade de votar, de cerca de 1 691.
Destes 1 691 recenseados a maior parte serão não residentes (emigrantes), mas tudo indica que exista um bom número de falecidos que não foram ainda expurgados dos cadernos eleitorais. Pelo menos, estes últimos, são um absurdo total, mas existem. São os “eleitores-fantasma”.
Se esse expurgo tivesse sido feito antes destas eleições, como devia ter sido, quase de certeza que o número de eleitores seria inferior a 10 mil e, se assim fosse, neste município, só poderiam ser eleitos 5 vereadores e não 7 e para a assembleia municipal só poderiam ser eleitos directamente 15 pessoas e não 21.
Quase de certeza que o problema já existia no último mandato autárquico (2009-2013) em Carregal do Sal. Mas ninguém quis ver… não convinha.
Quais as consequências?
Assim são eleitos mais 2 vereadores e mais 6 membros para a assembleia municipal, com o correspondente acréscimo de custos para o município e sem benefícios, para a população, que o justifiquem.
Por outro lado, o que não é menos grave, as tendências de voto e as decisões nos dois órgãos autárquicos (câmara e assembleia municipal) podem ser substancialmente alteradas, como é fácil de admitir.
Tratando-se de órgãos colegiais, com uma composição errada por razões de erro estrutural no recenseamento, isso redunda numa perda substancial de legitimidade desses dois órgãos.
Tudo isto por causa dos “eleitores-fantasma” e de quem não os quis ver e eliminar dos cadernos eleitorais a tempo.
A Direcção-Geral da Administração Autárquica e Eleitoral rejeita responsabilidades e culpa os partidos (Visão, 26/5/2011). Estes, por conveniência, “assobiam para o lado”.
Que importa o “embuste” (Jornal I, 11/9/2013) se podem eleger mais uns vereadores e mais uns tantos membros para a assembleia municipal?
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António Abrantes
(Texto actualizado dia 04, 11h00)
14 Comentários:
Eis o problema:
Impossível votar na aldeia e deduzir os juros do crédito à habitação própria permanente na cidade.
Esse problema sempre existiu, não é de agora, e não será certamente caso único. A limpeza dos cadernos eleitorais é responsabilidade de quem? É um trabalho moroso que tem que ser feito!
Reconheço que haverá gastos acrescidos com mais membros eleitos, claro!
Mas porque não há indignação quando há gente a receber reformas bem acima da média também pagas pelo contribuinte? Podem até dizer que descontaram...blá...blá..blá....mas se fizerem as contas ao que foi descontado em toda a vida de trabalho, ao fim de meia dúzia de anos já receberam todos os descontos feitos...e com juros! O resto é pago por todos nós!
Receber mais de refoma do que se descontou acontece com todos os reformados num modo geral especialmente nos dias de hoje que as vidas sao mais longas (e ainda bem)
ninguem tem pressa de morrer...
O problema afinal é "outros problemas/temas" , segundo os comentários anteriores.
Por outro lado, pelo facto de alegadamente se tratar de uma erro crónico, deveria captar mais empenho das entidades responsáveis na sua correcção., a menos que se queira continuar a "beneficiar" da anómala realidade nos censos.
Talvez no tempo do lápis e da borracha fosse mais fácil "apagar".
Todo o recenseado tem os mesmos direitos,
A manter-se a situação, que tudo indica "beneficiar" alguns, ainda vai ser necessário colocar uma URNA (de votos, não das da Funª S. Brás) à porta dos cemitérios. É que algum dos "habitantes" recenseados pode "sentir-se" sensibilizado com a propaganda, tirar-se dos seus afazeres, lá no outro lado e resolver vir até à porta ou ao portão cumprir o se "dever".
Lidar com Portugal é como tentar apanhar água com um cesto de vime.
Houve um tempo em que a classe politica era mais instruída que a sociedade em geral, agora é o contrário, qualquer dona de casa governava melhor o pais.
Um povo educado não pode ser dominado, dizia um politico inglês.
"Education makes a people easy to lead, but difficult to drive, easy to govern, but impossible to enslave".
Lord Henry Bougham.
Alguns autarcas portugueses são tão católicos, tão católicos que não assinam nada sem um terço...
Aqui está um bom artigo para os vereadores, membros da assembleia municipal, e todos aqueles que foram candidatos a tal comentarem e assinarem o seu comentário por baixo.
É digno de registo um anónimo pedir comentários assinados :)
Digno de registo é os partidos políticos saberem disso e nada fazerem... só para terem direito a mais uns tachos e sacarem mais uns trocos aos contribuintes....
E mais digno de registo ainda é os candidatos a Assembleia Municipal em vez de comentarem o conteúdo da noticia comentam os comentários....
Onde andam os comentadores Políticos deste blog...
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